A Salva: Saudação com Canhões
- autorsecreto
- 18 de abr.
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O sinal de amizade era antigamente entendido e mormente caracterizado pelo fato de apresentar-se uma pessoa, com a espada abatida, ou um navio ou uma embarcação, momentaneamente impossibilitado de manobrar ou combater. Nos tempos em que não havia meios seguros de comunicação e quando no mar não era possível aos navios saberem notícias de terra, a menos que encontrassem outros que as transmitissem, era importantíssimo para cada um deles saber quais as intenções uns dos outros, quando se encontravam. Imagina-se que um navio, no mar há algum tempo, poderia não saber se sua nação estava ou não em guerra com outra, inclusive com aquela cuja bandeira um navio avistado ostentava! Era, portanto, importante demonstrar atitude amistosa, tornando difícil a manobra ou o combate.
Nos tempos de Henrique VIII, para um canhão repetir um tiro levava uma hora. Assim, um navio estava com os canhões sempre carregados para combate. Mas, se ele os disparava, ficava impossibilitado momentaneamente de combater. A maior parte das fragatas e navios menores era armada com uma bateria de sete canhões, em cada borda. A princípio, uma salva de sete tiros era a salva nacional britânica. As baterias de terra, no entanto, deveriam responder às salvas do navio, na razão de três tiros para cada tiro de bordo. Assim, a máxima salva de bordo, sete tiros, era respondida pela maior salva de terra, vinte e um tiros. Com o progresso da indústria de armas e, principalmente, da produção da pólvora, a maior salva de bordo passou a ser também de vinte e um tiros.
O número de tiros, depois que a salva se transformou num costume, chegou aos nossos dias consagrado no Cerimonial Naval. Vinte e uma salvas é o máximo que se usa. Mas por que vinte e uma? É porque, além do costume acima, esse número é múltiplo de três. A explicação é que os números 3, 5 e 7 sempre tiveram significado místico, muito antes, mesmo, de existirem marinhas organizadas como as dos últimos três séculos.
O intervalo das salvas festivas é de cinco segundos, entre um tiro e outro. Havia um velho costume, na Marinha antiga, que ainda hoje os oficiais "safos" usam para contagem dos cinco segundos regulamentares, que é o de dizer a expressão: "teco, teleco, teco, pepinos, não são bonecos, - fogo um!"; repetindo-se após cada tiro o mesmo conjunto de palavras só alternando o número da ordem de fogo. Quem cronometrar o tempo que normalmente se leva para dizer as palavras mencionadas, verá que ele é de cinco segundos.
Fonte: LYRA, Márcio de Faria Neves Pereira de. Tradições do Mar: usos, costumes e linguagem. 7.ed., rev. e aum.- Brasília : Serviço de Relações Públicas da Marinha, 1999; e https://www.marinha.mil.br/tradicoes-navais/cerimonial-de-bordo.









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